Alimentação dos deuses como prática terapêutica

ultrapassando os valores nutricionais e biológicos

Autores

  • Yasmim Mascarenhas Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
  • Denize de Almeida Ribeiro Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)

DOI:

https://doi.org/10.35953/raca.v5i2.204

Palavras-chave:

Alimentação, Candomblé, Espiritualidade

Resumo

O gosto e os hábitos alimentares nos rituais do candomblé possuem ligações diretas às suas ações sagradas. Comer além da boca possui um significado ampliado, sobretudo no candomblé. Comer é acionar o axé, que é a energia e a força fundamental à vida. Juntos, o modo de preparo, os saberes, e os rituais, irão fazer a transmissão do axé. Visto que alimentar-se está além de um ato biológico, que implica também em aspectos culturais, sociais, psicológicos e espirituais, o projeto intitulado “Práticas Alimentares e Terapêuticas em Comunidades Tradicionais do Recôncavo da Bahia” objetivou conhecer as práticas alimentares e terapêuticas em terreiros de candomblé e a importância da alimentação no que diz respeito ao bem-estar físico e espiritual. O conhecimento da complexidade das conexões espirituais que se desenvolvem no interior de um terreiro de candomblé, muitas vezes, não é algo mensurável, até mesmo pelos adeptos, apresentando-se, assim, como um complexo sistema religioso. Dessa forma, a alimentação é algo intricado nessa religião que se pode até dizer que um não vive sem o outro, assim como o bem-estar físico e espiritual estão interligados e compreendem a concepção de saúde no candomblé. A alimentação no contexto dessa religião tem um papel simbólico de comunicação entre os seres e os deuses, pois é por meio das trocas energéticas que eles nutrem e são nutridos. 

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Tipo de acesso: Acesso Aberto

URI:http://localhost:8080/tede/handle/tede/160Data de defesa:24-Jul-2015.Aparece nas coleções: Coleção UEFS

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Publicado

16-04-2025

Como Citar

1.
Mascarenhas Y, Ribeiro D de A. Alimentação dos deuses como prática terapêutica: ultrapassando os valores nutricionais e biológicos. Rev. Alim. Cult. Amer [Internet]. 16º de abril de 2025 [citado 19º de abril de 2025];5(2):40-58. Disponível em: https://raca.fiocruz.br/index.php/raca/article/view/204

Edição

Seção

Artigos