Cultura alimentar afrodiaspórica

vínculo ancestral para fortalecer a conexão entre Brasil e Africa

Autores

  • Osiyallê Akanni Silva Rodrigues World Food Program (WFP)/ Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia
  • Thaynara Thaissa Dias Guimarães World Food Program (WFP) /Grupo de Estudos e Pesquisa Sobre Alimentos e Manifestações Tradicionais - Universidade Federal de Sergipe
  • Audêncio Victor Universidade de São Paulo/ London School of Hygiene & Tropical Medicine
  • Sisnando Souza Pacheco Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS) - Fiocruz/Bahia e Associação de Pesquisa Iyaleta
  • Andrêa Ferreira Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS) - Fiocruz/Bahia e Associação de Pesquisa Iyaleta

DOI:

https://doi.org/10.35953/raca.v6i1.222

Palavras-chave:

Cultura alimentar, Brasil, África, Candomblé, Ultraprocessados

Resumo

A comida e os hábitos culturais provenientes do continente africano foram e continuam sendo importantes para a composição da cultura alimentar brasileira, oferecendo uma riqueza que vai desde alimentos in natura ou minimamente processados até comidas e preparações carregadas de história e significados, que garantem a qualidade nutricional, saúde e conexão com a terra. Este ensaio buscou demonstrar, através de uma metodologia qualitativa descritiva e da bibliografia de referência, como a valorização dos alimentos in natura ou minimamente processados, presentes em preparações de matriz africana e na cultura alimentar afrodiaspórica brasileira, pode fortalecer o elo entre as regiões, além de promover a Educação Alimentar e Nutricional. Tal valorização constitui uma forma de resistência ao avanço da produção e do consumo de alimentos ultraprocessados, os quais contribuem para o apagamento da soberania alimentar.

Biografia do Autor

Andrêa Ferreira, Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS) - Fiocruz/Bahia e Associação de Pesquisa Iyaleta

Pesquisadora sênior da IYALETA - Pesquisa, Ciências e Humanidades. Pesquisadora associada do Centro de Integração e Conhecimento de Dados para Saúde - CIDACS (Fiocruz-Bahia). Doutora em Saúde Pública pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestra em Nutrição, Alimentos e Saúde (Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia - ENUFBA) (2016) e Pós Graduada em Nutrição Clínica e Esportiva (Lato Sensu) pelo Instituto de Pesquisas Ensino e Gestão em Saúde - IPGS (2016). Especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) (2019) e Bacharel em Nutrição pela Escola de Nutrição da UFBA (2014). Experiência docente em cursos de graduação (Nutrição e Educação Física) e pós-graduação na área de Nutrição Clínica, Esportiva, e Saúde Pública. Atuação como assessora técnica do Programa Nacional de Alimentação do Escolar pelo CECANE/Bahia (FNDE). Interesses de pesquisa: Racismo, Desigualdades, Políticas habitacionais, Mudanças Climáticas e Doenças Crônicas.

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Publicado

31-08-2020

Como Citar

1.
Rodrigues OAS, Guimarães TTD, Victor A, Pacheco SS, Ferreira A. Cultura alimentar afrodiaspórica: vínculo ancestral para fortalecer a conexão entre Brasil e Africa. Rev. Alim. Cult. Amer [Internet]. 31º de agosto de 2020 [citado 7º de setembro de 2025];6(1):97-111. Disponível em: https://raca.fiocruz.br/index.php/raca/article/view/222

Edição

Seção

Ensaios