Liforme Instravagante: a comida como representação do poder no sertão nordestino brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.35953/raca.v2i2.35Palavras-chave:
comida; cultura; música popular brasileira.Resumo
Este trabalho analisou a música "Liforme Instravagante" coletada da tradição oral, adaptada do ritmo coco para o baião e, regravada em 1963 por Luiz Gonzaga do Nascimento. A canção revela as representações e a construção do imaginário social atribuídas à comida. A metodologia utilizada está ancorada nos dispositivos teórico-metodológicos da análise do discurso, segundo Bakthin. A canção popular manteve vínculo com a modalidade oral do português brasileiro e não passou pelo processo de “higienização” que consiste em apagar os traços de oralidade e substituí-los por construções mais próximas da modalidade escrita. "Liforme Instravagante" exibe as práticas alimentares e o modo de organização da sociedade sertaneja nordestina, revelando o poder do coronel, evidenciado durante a festa de São João, por meio da oferta de um banquete composto por comidas típicas daquela região. À medida que a música descreve a fartura, revela a pobreza e a escassez de um povo. Por essa razão, o ato de comer deve considerar não somente o aspecto biológico, mas também o entrelaçamento das perspectivas sócio-política, simbólica, identitária e cultural.
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