Pinhão na alimentação tradicional dos kaingang do Paraná
DOI:
https://doi.org/10.35953/raca.v6i1.216Palavras-chave:
Pinhão, Kaingang, Paraná, Araucaria angustifólia, AlimentaçãoResumo
O objetivo deste artigo é analisar a relação dos Kaingang com a Araucaria angustifolia e o pinhão, considerando seus aspectos culturais, ecológicos e alimentares. A metodologia empregada baseia-se em uma revisão integrativa de estudos que abordam o povo Kaingang, seu território, práticas alimentares e rituais religiosos. A análise destaca a importância do pinhão como elemento central na alimentação tradicional e na construção da identidade cultural dos Kaingang, além de sua relação com a cosmovisão religiosa, evidenciada no ritual Kiki, que expressa a conexão com os mortos e a natureza. Os Kaingang, pertencentes ao grupo Jê meridional, mantêm um vínculo profundo com o ambiente natural, utilizando seus recursos de forma sustentável e integrando práticas de coleta e cultivo de plantas e animais. A pesquisa também examina os impactos da colonização, que resultaram na redução das terras indígenas e no confinamento dos Kaingang em 26 reservas. Apesar dessas adversidades, o povo Kaingang segue preservando suas tradições, incluindo a coleta do pinhão, que é essencial não apenas para a subsistência, mas também como expressão de sua identidade cultural. Os resultados indicam que a preservação do pinhão e da Araucaria angustifolia é fundamental para a continuidade das práticas culturais e para a segurança alimentar dos Kaingang. O estudo sugere a necessidade de políticas públicas que reconheçam e protejam os direitos territoriais e culturais desse povo, essenciais para sua sobrevivência e bem-estar.
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